Quando pensamos em sátira ao Nazismo e a Hitler há um nome que salta imediatamente nas nossas mentes: Charlie Chaplin e o seu genial The Great Dictator. Sempre pensei que apenas o talento inigualável de Chaplin fosse capaz de reunir de forma extraordinária comédia e um tema tão negro como o Nazismo. Mas Ernst Lubitsch, o realizador americano e judaico, de origem alemã, mostra-nos a razão pela qual alguém inventou o termo “toque Lubitsch” para definir a forma sofisticada, elegante e, quase sempre, alegórica como aborda as suas obras.
To Be or Not to Be é um filme mirabolante que decorre na Polónia, em pleno início da Segunda Guerra Mundial. Repleto de personagens hilariantes, diálogos incisivos e cenas que levam o humor ao extremo, é interessante como Lubitsch consegue, mesmo assim, fazer pairar sobre todo o filme uma atmosfera de terror, uma sensação de que tudo está prestes a correr muito mal. Foi este enorme contraste que o elevou à condição de obra-prima que ainda hoje mantém. Foi o meu primeiro Lubitsch e finalmente consegui perceber de onde vem a reputação de um realizador que se especializou na comédia. Já deveria saber! Qualidade é qualidade, independentemente do género.